100Grana Viu: G.I.Joe – A Origem de Cobra

Adaptação dos heróicos soldados de brinquedo oitentistas é bem divertida, mas não seja exigente, vá se divertir.

Um problema comum às adaptações, seja de livros, quadrinhos, games ou, nesse caso, desenho animado e brinquedos, é tentar fazer bonito frente aos dois públicos: os fãs dos personagens e os que nunca ouviram falar deles.

É o mesmo caso de G.I.Joe – A Origem de Cobra, que consegui ver finalmente, e como bem dito por Vinicius Passos, era o filme mais esperado do ano…por mim. Se alguém quiser me chamar de fanboy, a hora é agora, lisos, pois eu sou fã declarado dos Joes desde guri. Mas calma, eu não sou cego e vi o filme sob ângulos diferentes.

Sabem tudo o que foi dito sobre o filme, incluindo aquele primeiro review que saiu no /Film ? Pois é, está tudo lá, mas diferente do que o mal humorado leitor daquele site queria dar a entender, o filme não é ruim. Tem, é claro, aquelas situações em que você pára, olha e diz: “Égua da mentira!“. Mas a parte boa é que isso não compromete o resultado final.

Vivemos numa época em que os filmes não precisam ser apenas divertidos, eles têm que ser uma obra prima, o próximo “Transformers”,  “Matrix” ou “Senhor dos Anéis”. E não são apenas os fãs mais exigentes que querem isso, os estúdios também querem franquias lucrativas, e posso dizer tranquilamente que a Paramount conseguiu mais uma, e com outra linha de brinquedos da Hasbro.

A respeito da história, vou tentar explicar melhor o que se passa: A OTAN criou uma organização especial secreta que reúne os melhores operativos de todas as partes do mundo para realizar missões onde até o fuzileiro mais safo fica devendo. Esta equipe é chamada G.I.Joe e é liderada pelo General Hawk, um veterano que serviu em diversos conflitos e hoje tem  a missão  de cumprir estas missões que soldados comuns não poderiam, como escoltar as ogivas construídas pelas indústrias M.A.R.S. (Military Armament Research Syndicate), pertencentes ao poderoso James MacCullen, que logo de cara, demonstra que sabe mais do que diz.

Nessas ogivas, estão as mais letais criações da M.A.R.S.: Os nanomitas, pequenos (melhor dizendo, microscópicos) robôs que são capazes de destruir qualquer maquinário de metal e tudo o que estiver ao redor, até uma cidade inteira. Esses nanomitas, em mãos erradas, podem fazer um estrago incalculável. Mãos erradas que já se manifestam logo de cara, lideradas pela agente conhecida como Baronesa, liderando vários Vipers em busca das ogivas. A diferença tecnológica e bélica da vilã e seus asseclas para os militares normais assusta bastante. Ponto para o diretor de fotografia que soube retratar isso muito bem na primeira cena de ação do longa. A primeira de muitas.

Cenas essas que evocam imediatamente as brincadeiras de criança com os bonequinhos da Estrela. Todas as críticas de outros sites que disseram que o filme é uma versão bombada das brincadeiras tinham razão, e talvez seja por isso que o longa seja tão divertido. Claro, o fato de ser um filme baseado em brinquedos reflete positivamente e negativamente.

Positivamente para os fãs, que a todo momento percebem referências dos brinquedos e dos desenhos animados. Em diferentes momentos, o filme lembra o desenho clássico da Sunbow (nas cenas na base dos Joes e nas locações em Paris),  a versão Sigma 6 (as cenas com os trajes aceleradores e o clímax do filme) e as cenas em que a violência aflora em lutas viscerais e mortes evidentes evocam também o recente G.I.Joe Resolute.

Negativamente falando, o fator “bonequinhos de ação” interfere nas interpretações, e em alguns momentos, os personagens parecem bonecos Falcon vivos falando, e falo isso com todo respeito à Dennis Quaid, por exemplo, mas não dá para ignorar certas coisas em que ele escorregou. A tão falada ponta de Brendan Fraser também é um bom exemplo disso. Outro aspecto que me incomodou foi o exaustivo uso do CG em cenas  de ação, o que na minha opinião, as tornava meio artificiais, mas que felizmente também não comprometem o resultado final.

Agora, sem entrar em maiores detalhes, o que mais me incomodou foi a brusca (para não dizer forçada) mudança das relações entre os personagens Duke, Baronesa e Comandante Cobra. Sobretudo a vilã, que teve diferenças consideráveis em relação à personagem do desenho e dos quadrinhos da Marvel que  a desvirtuam da mitologia da história clássica.

Tirando esses detalhes, o filme é bem divertido mesmo, especialmente por causa da ação quase ininterrupta. A fotografia do filme  quase coloca o espectador no meio dos conflitos, evocando até mesmo alguns filmes como Falcão Negro em Perigo.

No geral, o elenco está muito bom, e nem Marlon Wayans me aborreceu. Ele até convence como soldado. Não chega a ser um Recruta Zero ou algo assim. Ray Park faz de Snake Eyes um personagem interessante, não apenas por suas lutas espetaculares com Storm Shadow, mas por conseguir ter expressão corporal suficiente para interpretar alguém que não só é mudo como também não mostra o rosto.

Rachel Nichols fez Scarlett do jeito certo, ao interpretar a oficial como alguém supertreinado e inteligente, mas capaz de ter emoções e até bom humor. Sienna Miller escorrega às vezes, mas como Baronesa tem muitos bons momentos no longa. O mesmo vale para Channing Tatum como Duke, que embora esteja meio com uma cara de sono, convence como o típico soldado que vai até o fim para cumprir sua missões.

Eu só queria uma desculpa pra pôr essa foto

Personagens morrem, mas a grande vantagem de G.I.Joe, a exemplo de Transformers, é a extensa gama de personagens a serem utilizados em futuras continuações. Sim, há um gancho curioso para uma inevitável sequência, e se for feito do jeito certo, vai ser tão bom quanto este primeiro filme.

Na primeira notícia que postei sobre o filme, há muito tempo atrás, deixei claro meu medo de que o filme tivesse alguma apologia ao Imperialismo ou patriostimo Ianque, e fico feliz em dizer que isso NÃO existe no filme. Nenhuma apologia à “maior nação do mundo” nem nada assim. Só mesmo o lance do “dever de soldado” e só. Mas num filme de G.I.Joe, isso era óbvio, lisos.

Como eu disse lá em cima, adaptações devem ser apreciadas por fãs e também pelos novatos no assunto. Para os que não conhecem o universo, posso dizer isso: Se você está procurando uma nova revelação bíblico-cinematográfica, passe longe. Mas se gosta de um filme de ação divertido e empolgante, assista sem medo.

E para os fãs, como um de vocês, só posso dizer que, saí satisfeito com o resultado final. “Yo Joe!!!” (Sim, alguém diz isso no filme 🙂  )

Cotação: R$8,00

Assista ao nosso Videocast sobre o filme.

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